sábado, 20 de novembro de 2010

A um (outro) ausente

Estou tão longe e a saudade é tanta
Ficou maior que a distância
Ficou maior que a saudade
Ficou maior que a estrada
que une as duas cidades.
Distância, espaço, tamanho, tudo fica pequenino
Perto dessa coisa que cresce em nós, essa falta
Falta para defini-la a palavra.
Ela invade, a saudade
Invade essa solidão (é essa?) de todas as tardes
E não há remédio genérico que me deixe curada
Dessa carência (o livro de auto-ajuda diz que não pode sentir)
Livro no Brasil anda caro...
Já perdi o fio da meada
E ainda não achei a palavra
Lonjura? Não sei se está no dicionário
E estou com preguiça de levantar...
Falteza? Falta-lhe a boniteza
(A norma culta sente saudade?)
Eu detestei a reforma ortográfica
Achei uma péssima ideia (se fosse idéia seria genial)
Pronto, o poema está louco!
Não tem mais movimento de significação
Não tem tema (agora também não tem mais trema)
Sobre o que fala o raio do poema?
Falava de saudade...
Mas o poema foi embora
E agora estou com saudade dele também.

Jessica Ferreira

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